sábado, 13 de julho de 2013

Resumo de Clínica Cirúrgica - parte 1

CLASSIFICAÇÃO CIRÚRGICA

            Nos Centros Cirúrgicos, sob o ponto de vista de enfermagem, não cabe uma classificação de pacientes, conforme os mesmos princípios dos adotados nas Unidades de Internação, isto é, segundo o tipo de cuidado que o paciente requer da equipe de enfermagem, (intensivo, semi-intensivo, intermediário e mínimo).
            Na unidade de Centro Cirúrgico pode ser feita uma primeira classificação do procedimento cirúrgico, dado pela urgência cirúrgica que este procedimento requer (Silva; Rodrigues; Cezareti, 1982):

·         Eletiva: tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar ocasião mais propícia, ou seja, pode ser programado. Exemplificando: (Mamoplastia);
·         Urgente: tratamento cirúrgico que requer pronta atenção, deverá ser realizado dentro de 24 a 48 horas. Exemplificando: (Apendicectomia);
·         Emergência: tratamento cirúrgico que requer atenção imediata, por se tratar de uma situação crítica "salvar a vida". Exemplificando: (Ferimento precordial por arma de fogo).

            As cirurgias também podem ser classificadas em pequeno, médio e grande porte, segundo o risco cardiológico, ou seja, a probabilidade de perda de fluido e sangue durante a realização da mesma (Eagle, 1996):

·         Grande porte: cirurgias com grande probabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplificando: cirurgias de emergências (ferimento na região precordial), cirurgias vasculares arteriais (correção de aneurisma aorta abdominal).
·         Médio porte: cirurgias com média probabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplificando: vascular (endarterectomia de carótida), cabeça e pescoço (ressecção de carcinoma espino celular), ortopedia (prótese de quadril), urologia (ressecção transuretral de próstata), neurologia (ressecção de aneurisma cerebral).
·         Pequeno porte: cirurgias com pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplificando: otorrinolaringologia (timpanoplastia), plástica (mamoplastia), endoscopia (endoscopia digestiva), oftalmologia (vitrectomia).

Outra forma de classificar as cirurgias é considerando o tempo de duração do ato cirúrgico.

·      Pequeno porte: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo de 0 a uma hora. Exemplificando: Facectomia;
·      Médio porte: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo acima de 1 hora até 2 horas. Exemplificando: Colecistectomia;
·      Grande porte: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo acima de 2 horas. Exemplificando: Gastrectomia.

            Esse tipo de classificação é normalmente utilizado, porém não existe embasamento teórico, portanto, tornando-se subjetivo.

Brasil (1992) classifica as cirurgias segundo o potencial de contaminação, permitindo ao cirurgião tomar conduta durante o procedimento, como a colocação ou não de drenos e após o procedimento a terapêutica medicamentosa a ser tomada com relação à prescrição ou não de antibióticos. São as seguintes:


·         Limpa: são realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local, ou falhas técnicas grosseiras. Exemplificando: Mamoplastia;
·         Potencialmente contaminadas: são realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório, e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Exemplificando: Gastrectomia;
·         Contaminada: são realizadas em tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados por flora bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenha ocorrido: falha técnica grosseira, na ausências de supuração local; presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção. Exemplificando: Hemicolectomia;
·         Infectada: são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão em presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja. Exemplificando: Nefrectomia com coleção de pus.

·         LIMPAS: 1 a 5%
·         POTENCIALMENTE CONTAMINADADAS: 3 a 11%
·         CONTAMINADAS: 10 a 17%
·         INFECTADAS: maior que 27%
            Outra classificação da cirurgia segundo a finalidade do tratamento cirúrgico: (Silva, Rodrigues, Cezareti, 1982):
·         Paliativo: tratamento cirúrgico que visa compensar os distúrbios para melhorar as condições do paciente ou aliviar sua dor. Exemplificando: Vagotomia;
·         Radical: tratamento cirúrgico do qual se faz a remoção parcial ou total do órgão. Exemplificando: Gastrectomia total;
·         Plástico: tratamento cirúrgico realizado com a finalidade estética ou corretiva. Exemplificando: Mamoplastia.

            Para a Associação Médica Brasileira (AMB) (1999), as cirurgias são classificados de porte 0 a 8, sendo o porte zero, procedimento com anestesia local e à medida que se utiliza a classificação em ordem crescente, existe também crescimento da complexidade anestésica e concomitantemente o crescimento da complexidade cirúrgica. Portanto, trata-se de uma classificação com finalidade de cobrança do convênio e SUS, principalmente, dos honorários médicos (anestesia e cirurgião), do instrumentador e da utilização de sala de operação.

Outro critério para a classificação cirúrgica segundo o tempo de utilização da Sala de Operação (Instrução de Serviço n.º 61, 1996, ICHC*) a saber:
·         Cirurgias de porte I: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo de 0 a 2 horas. Exemplificando: Timpanoplastia;
·         Cirurgias porte II: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo acima de 2 horas até 4 horas. Exemplificando: Colecistectomia;
·         Cirurgias porte III: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo acima de 4 horas até 6 horas. Exemplificando: Gastrectomia;
·         Cirurgias porte IV: cirurgias cujo tempo de duração encontra-se no intervalo acima de 6 horas. Exemplificando: Transplante de Fígado.

            Essa divisão nesses intervalos de tempo é puramente arbitrária, podendo ser tomado outro tipo de intervalo e também designá-los por outros nomes. O importante aqui é categorizar o tempo de duração das cirurgias dentro do intervalo de classe.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1- Associação Médica Brasileira - AMB. Lista de procedimentos médicos - valores referenciais, 1999. Brasília, 1999.

2- Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 930, 27 de agosto de 1992. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação. Brasília, 1992.

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