CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS
O
termo perioperatório é empregado para descrever todo o período da cirurgia,
incluindo antes e após a cirurgia em
si. As três fases dos cuidados perioperatórios são:
Pré-operatório, Trans-operatório e Pós-operatório.
PRÉ-OPERATÓRIO:
esse período tem início desde o momento em que o paciente recebe a indicação da
operação e se estende até a sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se
divide em duas fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.
Pré-operatório
Mediato: começa no momento da indicação da operação e termina 24 horas antes do
seu início. Geralmente, nesse período o paciente ainda não se encontra
internado.
Neste
período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz uma avaliação do estado
geral do paciente através de exame clínico detalhado e dos resultados de exames
de sangue, urina, raios X, eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem
o objetivo de identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco
cirúrgico.
Tratando-se
de cirurgias eletiv as, onde há previsão de transfusão sangüínea, muitas vezes
é solicitado ao paciente para providenciar doadores saudáveis e compatíveis com
seu tipo sangüíneo. Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue
disponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos hemocentros,
evitando sua comercialização.
Os
cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem os preparos
psicoespiritual e o preparo físico.
Consentimento cirúrgico: Antes da cirurgia, o paciente deve assinar um
formulário de consentimento cirúrgico ou permissão para realização da cirurgia.
Quando assinado, esse formulário indica que o paciente permite a realização do
procedimento e compreende seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião.
Se o paciente não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao
cirurgião antes que o paciente assine o formulário de consentimento. Os
pacientes devem assinar um formulário de consentimento para qualquer
procedimento invasivo que exija anestesia e comporte risco de complicações.
Quando
um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não é mentalmente competente,
um familiar ou um tutor deve assinar o formulário de consentimento. Quando o
paciente tem menos de 18 anos de idade, um dos pais ou um tutor legal deve
assinar o formulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade, que vivem longe de
casa e sustentam-se por conta própria, são considerados menores emancipados e
assinam o formulário de consentimento. Numa emergência, o cirurgião pode ter
que operar sem consentimento. No entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao
máximo para obter o consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo
enfermeiro deve estar familiarizado com as normas da instituição e com as leis
estatais relacionadas aos formulários de consentimento cirúrgico.
Os
pacientes devem assinar o formulário de consentimento antes que lhes seja
administrado qualquer sedativo pré-operatório. Quando o paciente ou a pessoa
designada tiver assinado a permissão, uma testemunha adulta também assina para
confirmar que o paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um empregado do setor de
admissão. É responsabilidade do enfermeiro assegurar que todas as assinaturas
necessárias figurem no formulário de consentimento, e que este se encontre no
prontuário do paciente antes que ele seja encaminhado ao centro cirúrgico (CC).
Avaliação
Pré-operatória: os cuidados pré-operatórios exigem uma avaliação completa do
paciente. A avaliação varia, dependendo da urgência da cirurgia e de o paciente
ter sido admitido no mes mo dia da cirurgia ou antes. No entanto, mesmo em
emergências, o enfermeiro deve se esforçar ao máximo para coletar o maior
número de dados possível. O quadro abaixo apresenta uma lista de informações
importantes que devem ser obtidas durante a avaliação do paciente.
Quadro 1 - Avaliação
Pré-operatória
REVISÃO DOS EXAMES
DIAGNÓSTICOS E LABORATORIAIS PRÉ-OPERATÓRIOS
• Nível
de consciência (confusão mental, sonolência,
não-responsividade)
•
Hemograma completo
•
Sinais vitais
•
Tipagem sangüínea e prova de
• Peso e altura
compatibilidade
•
Integridade cutânea
•
Eletrólitos séricos
• Capacidade de se mover/deambular
•
Urinálise
• Nível de exercício
• Radiografia de tórax
•
Próteses
•
Eletrocardiograma
•
Condição circulatória
•
Outros exames relacionados ao procedimento ou à condição clínica do paciente
(ex. tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial, nitrogênio da uréia
sangüínea, creatinina, outros estudos radiográficos)
AVALIAÇÃO DAS NECESSIDAS
PSICOLÓGICAS
•
Estado emocional
• Nível
de compreensão do procedimento cirúrgico e das instruções pré e pós-operatórias
.
REVISÃO DOS ANTECEDENTES
MÓRBIDOS DO PACIENTE E PREPARO PARA A CIRURGIA
•
Estratégias de enfrentamento
• Sistema de apoio
• Papéis e responsabilidades
• Histórico da doença atual e razão da cirurgia
AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES
CULTURAIS
•
Antecedentes mórbidos: condições clínicas agudas e crônicas, hospitalizações e
cirurgias anteriores, qualquer problema anterior com anestesia, alergias,
medicamentos atuais, uso de substâncias como álcool, tabaco, drogas ilícitas
• Linguagem – necessidade de intérprete
• Costumes particulares relacionados à
cirurgia, à privacidade, à eliminação de
partes
do corpo e a transfusões sangüíneas.
• Revisão dos sistemas
AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES
FÍSICAS
• Capacidade de comunicação
Preparo psicoespiritual: o estado emocional
influencia diretamente no funcionamento do corpo, conseqüentemente, o paciente
que apresenta alterações nesta área (ansiedade, estresse) poderá ter um
comprometimento na sua evolução pós-operatória. As principais intervenções de
enfermagem compreendem:
a) Explicar ao paciente a sua cirurgia e os
exames na medida do possível.
b) Diminuir a sensação de medo da anestesia,
cirurgia, dor, morte, do desconhecido, e de destruição da auto-imagem.
c) Orientar sobre os procedimentos e a
importância da sua cooperação no pré e pós-operatório.
d) Explicar como irá retornar da cirurgia e que a
enfermagem estará presente para atendê-lo em qualquer anormalidade.
e) Transmitir sensação de calma e confiança, e
ouvir com atenção os problemas do paciente.
f)
Proporcionar um ambiente calmo e tranqüilo, favorecendo o equilíbrio
psicológico e o entrosamento com o ambiente hospitalar.
g) Atender a família, explicando resumidamente a
cirurgia, como o paciente retornará da SO e a importância da família em
apoiá-lo nesse período.
h) Providenciar ou dar assistência religiosa, de
acordo com a religião ou solicitação do paciente.
Preparo
físico: são cuidados para melhorar o esclarecimento do diagnóstico e para
adequar o estado geral do paciente à cirurgia. Eles objetivam remover as
possíveis fontes de infecção e preparar o paciente para a operação.
a) Realizar exame físico, atentando para
determinadas condições que podem atuar negativamente na cirurgia. Ex. idade,
outras doenças, quadro infeccioso, hipersensibilidade medicamentosa, alimentar,
fatores exógenos, etc.
b) Providenciar e preparar o paciente para os
exames laboratoriais e outros exames auxiliares de diagnóstico.
c) Controlar os SSVV.
d)
Observar o equilíbrio
hidroeletrolítico e o estado nutricional, orientando, estimulando e
administrando dietas adequadas, medicamentos, soros, etc.
e) Ensinar exercícios respiratórios com frascos,
luvas, principalmente aos que serão
submetidos à anestesia geral, cuja finalidade é prevenir complicações
pulmonares após a realização da cirurgia. Normalmente, se orienta para o
paciente colocar as duas mãos na parte inferior das costelas, a fim de sentir o
movimento torácico, expirar completamente, inspirar profundamente pelo nariz e
expulsar todo o ar pela boca. Repetir
esse exercício várias vezes. Existem pequenos aparelhos denominados
expirômetros de incentivo, utilizados
para a realização de exercícios respiratórios.
f)
Exercícios de tosse cujo objetivo é retirar secreções da traquéia e dos
brônquios. O paciente é orientado para entrelaçar os dedos, colocando as mãos
sobre o local da futura incisão, ou então usar o travesseiro para apoiar as
mãos e pressionar o local.
Isto
funciona como imobilização durante a tosse, eliminando a dor. Depois de
pressionar o local, deve inclinar-se ligeiramente para a frente, encher os
pulmões e provocar rápidas tossidelas. O exercício deve ser repetido uma ou
duas vezes, tentando eliminar poss íveis secreções.
g) Orientar o paciente referente a deambulação
precoce, que consiste em pequenas caminhadas após a cirurgia, tão logo as suas
condições o permitam. A deambulação precoce favorece a expansão pulmonar, a
circulação de membros inferiores e estimula o peristaltismo intestinal,
evitando a distensão abdominal por acúmulo de gases e conteúdo intestinal
estático.
h) Limpar a pele com banho completo no dia
anterior, e no dia da cirurgia, banho corporal completo com anti-séptico
degermante (ex. chlorexidina degermante).
i)
Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte.
j)
Iniciar o jejum, conforme a prescrição médica, normalmente após o jantar.
Suspende-se
a ingestão de água de 8 a
10 horas antes da cirurgia. Comumente a última refeição ingerida pelo paciente
antes da cirurgia contem apenas líquidos, alimentos facilmente digerível, como
sopa, caldos, etc. Após essa refeição, o paciente precisa permanecer em jejum
absoluto por várias horas, até o momento da cirurgia, não sendo também
permitida a ingestão de líquidos (chá, suco, etc) e água.
Antes
do período de jejum total, o enfermeiro estimula o paciente a manter uma boa
nutrição para ajudar a suprir a dem anda aumentada de nutrientes do organismo
durante o processo de cicatrização. Proteínas e ácido ascórbico (vitamina C)
são particularmente importantes na cicatrização da ferida.
Pré-operatório
Imediato: esta fase compreende as 24 horas que antecedem a operação.
De
um modo geral, o paciente é admitido no hospital dentro desse período, com o
objetivo de ser devidamente preparado para o ato c irúrgico. Esse procedimento,
entretanto, pode variar de instituição para instituição, ou dependendo tipo de
cirurgia ou do estado do paciente. Há casos em que o paciente interna-se com
vários dias de antecedência, quando necessita de um tratamento para habilitá-lo
a ser operado. Em outros casos, no entanto, a admissão se dá no mesmo dia da
operação.
a) Preparo da pele: esse procedimento tem como
finalidade eliminar ao máximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele
do paciente. A área em torno da futura ferida operatória deve ser limpa de modo
completo e feita a tricotomia, que significa a raspagem dos pêlos em uma região
do corpo. Em vários hospitais, a tricotomia é realizada na véspera da cirurgia,
à noite, muito embora seja mais indicado fazê-la até duas horas antes da
cirurgia, para evitar a proliferação de germes após o preparo da pele. A rotina
de limpeza da pele depende do procedimento cirúrgico e das normas do cirurgião
ou da instituição. O objetivo é diminuir a quantidade de microrganismos sem
comprometer a integridade cutânea.
Para
uma cirurgia planejada, pode-se solicitar ao paciente que limpe a área
determinada com um sabão detergente germicida durante vários dias antes do
procedimento. Normalmente, os pêlos não são removidos antes da cirurgia, exceto
se puderem interferir na incisão. Neste caso, os pêlos são removidos com
tricotomizadores elétricos no momento da cirurgia.
b) Preparo intestinal: para a maioria das
cirurgias, principalmente as realizadas sob anestesia geral, é importante o
reto estar vazio, evitando, assim, que o paciente evacue durante o ato
cirúrgico. Em função do tipo de cirurgia a ser realizada, o médico irá
prescrever o preparo adequado, que pode variar desde ouso de laxante até a
aplicação de clister ou lavagem intestinal. Um cirurgia de intestino grosso,
por exemplo, exige um preparo maior, para o órgão ficar o mais vazio e limpo
possível.
Nesses
casos, o laxante é administrado dias antes, mas o clister e a lavagem são
feitos na véspera da operação. Já em cirurgias de pequeno porte, pode-se
dispensar a execução desse preparo, desde que o paciente tenha evacuado
normalmente na manhã do dia da cirurgia. Um intetino limpo permite a
visualização acurada do sitio cirúgico e previne traumas intestinais ou
contaminação acidetnal do peritônio por fezes. Um enema evacuador ou um laxante
é prescrito para a noite que antecede a cirurgia, e pode ser repetido na manhã
do dia da cirurgia. Quando uma cirurgia intestinal é programada, antibióticos
também podem ser prescritos para reduzir a microbiota intestinal.
c) Higiene geral: além do preparo local da pele,
um banho completo antes da cirurgia, ajuda a evitar infecções, principalmente
com uso de anti-sépticos degermantes.
d)
Retirar os esmaltes: no mínimo em uma das unhas, se for o caso, para o
anestesista controlar melhor a oxigenação durante a cirurgia.
e) Orientar o paciente deam bulante para ir ao
banheiro, com o objetivo de esvaziar a
bexiga
e o intestino, realização da higiene bucal adequada.
f)
Fornecer camisola limpa e ajudar o paciente a vesti- la com a
abertura para as costas, orientando-a para não colocar qualquer roupa de baixo.
g)
Pentear os cabelos do paciente e
cobri-lo com gorro.
h) Retirar próteses, lentes de contato, jóias,
adornos em geral. Depois ,
para evitar que se percam, identificar esses objetos e entregá-los ao
responsável ou encaminhar para guarda-volumes no hospital. A retirada de
prótese dentária antes da anestesia para alguns pacientes em violação da
privacidade, onde alguns serviços tem como rotina a retirada na SO,
guardando-as para posterior devolução.
i)
Conferir os exames pré-operatórios, a autorização para a operação e as
radiografias
se
estão junto ao prontuário médico do paciente.
j)
Administrar a medicação pré-anestésica prescrita aproximadamente 30 a 60 minutos antes de
encaminhar ao CC, quando prescrita. Quando o efeito da medicação estiver
iniciando, o paciente deve permanecer sob observação, jamais sendo deixado
sozinho, pois poderá apresentar reações adversas, como depressão respiratória
ou mesmo agitação. A medicação pré-anestésica visa basicamente reduzir a
ansiedade, diminuir secreções do trato respiratório e reduzir as
intercorrências alérgicas.
k) Deixar o paciente deitado, protegido com
grades. Verificar, novamente, os SSVV, anotando-os no prontuário e comunicando
qualquer anormalidade observada.
l) Alguns hospitais usam como protocolo de rotina
a SVD no período pré-operatório,
neste
caso realizá-la.
Checagem
Pré-operatória: A maioria dos pacientes é transportada ao centro cirúrgico numa
maca. Para proporcionar privacidade, segurança e aquecimento, o enfermeiro
cobre a pessoa com um lençol e fixa em torno dela os cintos de segurança. Antes
do paciente deixar o quarto, o enfermeiro registra todas as informações
necessárias no seu prontuário: sinais vitais, peso, medicamentos
pré-operatórios administrados, procedimentos realizados, se o paciente esvaziou
a bexiga, o destino de objetos valiosos e próteses dentárias, e observações
pertinentes. A maioria dos hospitais ou dos serviços de cirurgia utiliza uma
checagem pré-operatória para que não haja dúvida de que se realizaram todas as
avaliações e procedimentos antes da cirurgia. Essa checagem geralmente envolve:
•
Avaliação: inclui a pulseira de identificação de alergia; lista de medicamentos
em uso atualmente, horário da última ingestão alimentar ou líquida do paciente;
destino de objetos de valor, dentaduras ou próteses; remoção da maquiagem e do esmalte para unhas; e o uso de
vestimentas hospitalares.
•
Medicamentos pré-operatórios: inclusiv e a via e o momento da administração.
•
IV: inclusive localização, tipo de solução, velocidade de infusão.
•
Preparos pré-operatórios: incluindo, quando apropriado, preparo da pele,
passagem de sonda vesical de demora ou de sonda nasogástrica, horários e
resultados de enemas ou duchas, uso de meias ou ataduras anti-embolismo, e
horário e quantidade da última micção.
•
Prontuário: inclui o consentimento cirúrgico assinado, história e exame físico,
registros antigos, e resultados de exames solicitados.
•
Outras informações: conforme as exigências do serviço.
•
Assinatura(s): do enfermeiro e de outras pessoas envolvidas no preparo do
paciente
para
a cirurgia e no seu transporte para o CC.
Quando
a checagem pré-operatória termina, o paciente está pronto para ser encaminhado
ao CC. O pessoal do setor cirúrgico ajuda na transferência do paciente para a maca
e depois para o CC ou para a área de espera.
PERÍODO TRANS-OPERATÓRIO
(INTRA-OPERATÓRIO):
É
aquele em que o paciente será submetido à uma cirurgia propriamente dita, sendo
realizada na unidade de centro cirúrgico, que é dotada de uma infra-estrutura
que garanta plena segurança e conforto ao paciente e a equipe de saúde.
As funções da enfermagem abrangem a recepção do
paciente no CC, organização da SO, atendimento as necessidades de saúde e
segurança do paciente durante e após a cirurgia, encaminhando o paciente para a
RPA, UTI ou enfermaria.Fonte: Solução em Concursos Públicos
Nenhum comentário:
Postar um comentário